segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

PROTUBERÂNCIA DA NATUREZA

Somente a ação humana costuma-se classificar. Se uma árvore cai na cabeça de alguém e esse alguém morre, provavelmente não se dirá que a arvora é má, criminosa; não a levarão para a cadeia, nem a julgamento nem nada. Não seria possível encarcerar a natureza – a não ser que você entre numa caixa e diga que essa caixa é a liberdade e todo o resto é prisão.  Então a classificação das ações é assim como uma protuberância da natureza, partindo do princípio do livre-arbítrio, na qual o indivíduo é livre para escolher esse ou aquele ato. Mas o que faz esse ato ser bom e aquele mal? Nada senão uma relação pessoal que se tem com o ato. Quer dizer, o ato não é bom ou mal em si, mas de acordo com a relação que se estabelece, subjetivamente, com o ato. Se eu causo sofrimento ao outro, ou se represento, de alguma forma, uma ameaça, um perigo, meu ato será visto como mal, e na medida em que meu ato representa um benefício, será visto como bom. Bem e mal são no fundo parâmetros criados em vista do que mantêm e o que denigre a sociedade, o conjunto. Mas o que está realmente por trás dos atos humanos, sem exceção, é o orgulho. O homem age sempre em direção a si próprio. Por trás de todo altruísmo está escondida alguma forma de orgulho. Não existe, absolutamente, ação que visa somente do próximo. O homem só age movido por algum tipo de motivação, e a motivação irrompe de sua necessidade pessoal. Isso o torna limitado em sua circunferência. Nem mesmo existe abnegação, se esta é um recurso último e desesperado de posse do orgulho. Olhando de fora, as causas e lutas humanas com seus sacrifícios individuais em nome do orgulho parecem francamente ridículas (“O meu nome! É o meu nome!” diz o homem moral em As Bruxas De Salem). Provavelmente os seres humanos têm sido a maior diversão das árvores desde que se inventou a civilização.

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