quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O HOMEM E SEU NARIZ

Um dia um homem olhou-se no espelho e viu seu nariz. “O que faz meu nariz de diferente de todos os outros?”, perguntou. Determinado a desvendar essa intrigante questão, começou atribuindo-lhe um adjetivo. “É longo”, já ia dizendo, mas logo se deteve. Longo, sim, mas em relação a que outro nariz? Tratava-se de um problema de difícil solução. Mesmo se ele elegesse algum outro nariz como modelo de comparação, ficaria faltando todos os outros narizes do universo. “Muito embora um nariz nunca seja exatamente igual a outro nariz, a todos se dá o mesmo nome: nariz”. Era preciso encontrar uma palavra que definisse unicamente seu nariz. Ocupado com semelhantes divagações, o homem permaneceu ali, diante do espelho, um dia, dois, uma semana, meses e anos (diz-se que durante certo tempo esteve convencido de que seu nariz era o verdadeiro, quando todos os outros não passariam de cópias imperfeitas do seu... tortuosas devem ter sido as acrobacias lógicas que o levara m a tão disparatada conclusão). Vieram os filhos, cresceram, vieram os netos, as rugas, a velhice e, por fim, a morte. A vida passou – logo abaixo do seu nariz.

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