terça-feira, 27 de dezembro de 2011

POESIA CONCRETA

A poesia, na verdade, sempre foi concreta, mesmo quando era apenas falada. Já estavam lá a rima, o ritmo, as aliterações. A palavra, se formos pensar, é em si mesma concreta. Apenas o que se fez foi levar seu concretismo á últimas conseqüências, resgatar a materialidade da palavra e torná-la evidente tanto quanto seu conteúdo. Isso é genial, mas representa um perigo. A partir do momento em que sua matéria vem à tona, a palavra corre o risco de limitar-se à sua matéria e esquecer de seu significado. Muitas vezes a poesia concreta caiu nessa armadilha e tornou-se um jogo de ping-pong com si mesma, a aparência em relação com a própria aparência e não a aparência em função da essência – limitando-se assim a uma espécie de palavra-cruzada poética. Mas uma vez estando consciente do objetivo último da poesia, impondo-o como meta, a forma pode ser uma poderosa alavanca atingir esse objetivo com maior precisão e poder.

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