quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

DISSECANDO A VERDADE

A verdade – e, conseqüentemente, a mentira – surgiu com o advento da palavra. Antes, tudo era exatamente o que era. A palavra surge como uma espécie de posse do objeto, a partir de sua abstração. E a mentira, nada mais é do que a aplicação de uma palavra inadequada à coisa. Que vantagem há em, primeiro, dizer “isto é uma mesa” para, em seguida dizer “é verdade que isto é uma mesa”? É como esconder um objeto atrás de um arbusto para, em seguida, procurá-lo atrás do mesmo arbusto e – adivinha! – encontrá-lo lá. Nesse caso a mentira seria como esconder esse objeto atrás do arbusto e ir procurá-lo atrás da arvora – evidentemente não o encontrarei lá. Na medida em que todos sabem que o objeto está atrás do arbusto e ninguém se lembra mais quem o pôs lá, pode-se acreditar que ele sempre esteve lá. Foi isso o que fez Sócrates – entender a verdade como existente em si mesma. Depois, o cristianismo divinizou essa verdade e lhe atribui seus ornamentos morais. Mas isso já é uma outra conversa.

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