segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

SOBRE CRIME E CASTIGO

Encontrar em Crime e Castigo uma lição moral, no sentido de que nos seria apresentada uma conclusão, um objeto final, seria reduzi-la ao campo limitado da necessidade pessoal de encontrar ali esse objeto; seria moldar a obra ao espírito, à necessidade do espírito, ao invés de moldar o espírito à obra, livrando-o da necessidade. Por isso prefiro ver a obra como uma foto. Uma foto do crime. Veja que a foto só seria possível havendo o crime! E como é bonita essa foto... Não havendo o crime ou, generalizando, não havendo o pecado, o erro, o sofrimento, sobre o que se iria escrever? Como poderia o fim de uma obra-de-arte ser a negação de si mesma, de seu princípio?

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