quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A ALEGRIA DO INSTANTE

Há muito mais profundidade na alegria do que na tristeza. Alegria é afirmação da não compreensão, o que não deixa de ser uma forma de compreensão. É compreensão da não compreensão. O artista é um ser essencialmente alegre, porque com sua arte afirma o caráter misterioso da vida. E assim abraça o mistério, sem querer decifrá-lo (certamente deve ser composto de infinitos outros mistérios). O artista vive para o instante, sua arte é o instante eternizado. O instante é sempre alegre, porque é em si mesmo, mudança e é também possibilidade de mudança. A beleza da vida está na sua constante transformação, movimento, mudança – no instante. O instante não é uma inércia em movimento, uma inércia que pula de instante para instante, mas é o próprio movimento. Ao retratar o instante o artista retrata o movimento. O que pode diferenciar uma foto comum de uma foto artística? A foto artística capturou o movimento. Ao capturar o movimento, capturou o humano. A essência do humano é o movimento. Enxergar o humano nas coisas e retirá-las de sua inércia é a tarefa do artista.

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